terça-feira, 18 de maio de 2010

Fernando Pessoa, tópicos

Fernando Pessoa ortónimo
 obsessão da análise racional
 intelectualização e ausência de sentimento
 choque entre o que sente e o que pensa, entre o sentimento e a sua expressão racional
 oposição entre sinceridade/fingimento, sentir/pensar, vontade/pensamento
 fragmentação do Eu
 negativismo: tédio e decepção, dor de pensar
 nostalgia da infância, inveja de entes ou situações marcados pela inconsciência
 musicalidade e ritmo (quadra popular/rima interna)
 paradoxos e oxímoros

Fernando Pessoa – o poeta da “Mensagem”
 intuição de um destino colectivo e épico para Portugal
 renovação de mitos/sebastianismo
 uso de símbolos
 referência, directa ou simbólica, das qualidades do povo português (predestinado por Deus, com capacidades visionárias, capaz de concretizar o que sonha)

Alberto Caeiro
 objectivismo: recusa de tudo o que pertença ao sujeito (sentimentos, emoções, intelectualizações)
 sensacionismo físico: contacto com o real através dos cinco sentidos, com predominância da visão (poeta do olhar)
 poeta antimetafísico (desenvolve um metafísica da antimetafísica): recusa de pensar, de qualquer mistério ou misticismo do mundo
 panteísmo naturalista: paganismo, concepção de uma divindade plural presente em todos os elementos da natureza
 verso livre, métrica e estrofação irregulares, acompanhando a linha do pensamento
 linguagem simples: vocabulário corrente e ligado ao real objectivo (sobretudo ao campo lexical da Natureza), tom coloquial, adjectivação objectiva (descritiva)

Ricardo Reis
 epicurismo: fruição dos prazeres simples (geralmente ligados à natureza física)
 estoicismo: ataraxia (tranquilidade para evitar a perturbação), moderação nos prazeres para evitar a dor, autodisciplina, recusa de lutar ou tentar compreender; aceitação do destino, indiferença perante as paixões e a dor
 paganismo: referência a divindades greco-romanas (os deuses no Olimpo, distantes do Homem)
 preceitos horacianos: "carpe diem" e "aurea mediocritas"
 uso de métrica e estrofação regulares (a ode)
 verso branco (sem rima)
 linguagem culta, com frequentes latinismos
 uso do hipérbato (alteração na ordem lógica da frase)

Álvaro de Campos (2ª fase)
 futurismo: elogio da civilização, fascínio pela máquina e pela tecnologia; atitude pouco convencional, escandalosa
 sensacionismo extremo (“sentir tudo de todas as maneiras”): presença de todos os dados dos cinco sentidos, identificação com as máquinas/a modernidade, mistura de dados objectivos e subjectivos
 verso livre, em geral longo, métrica e estrofação irregulares
 onomatopeias e sinestesias complexas
 mistura de níveis de língua, enumerações, exclamações, interjeições

Saudosismo e sebastianismo no início do século XX

Nos finais do século XIX e inícios do século XX, assiste-se a uma reacção nacionalista de alguns sectores da cultura e literatura portuguesas, como tentativa de resposta a vários factores sociais, culturais e políticos que tinham em comum a degradação da imagem do país: a humilhação do Ultimato e a partilha de África – fazendo perder à burguesia as esperanças de grandeza e riqueza oriundas do Ultramar – levam a uma evocação do glorioso passado nacional; no campo literário esta reacção traduz-se sobretudo pela recusa de submissão a modelos estrangeiros como os que vinham gradualmente a impor-se em Portugal, como era o caso do realismo, do simbolismo ou do parnasianismo. Os objectivos deste movimento eram essencialmente prosseguir o percurso iniciado por Garrett ao ressuscitar uma literatura de fundo e forma nacionais (daí o nome de neo-garrettismo para um movimento que também foi conhecido como nacionalismo ou tradicionalismo); preconiza-se portanto a objectivação e louvor da História de Portugal, das paisagens nacionais, da simplicidade do viver rural e da mentalidade do povo, devendo a literatura reflectir a cultura genuinamente portuguesa e evitar a sua adulteração.
Na esteira deste movimento nacionalista pode notar-se, logo após a proclamação da República, a “Renascença Portuguesa”, sociedade literária fundada no Porto por Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Álvaro Pinto e Leonardo Coimbra, tendo como órgão de comunicação a revista A Águia, de que Teixeira de Pascoaes é director na sua segunda série. Pascoaes desenvolve uma filosofia ético-psicológica da raça lusa, elo de ligação entre o passado e o futuro. Observando a literatura culta e a literatura popular do passado, Pascoaes detecta uma atitude típica do português perante a vida: a saudade que faz reagir o homem, que o faz sofrer por se sentir imperfeito, que o leva a desejar a pura vida espiritual e à realização daquilo que ainda não foi conseguido – é uma nostalgia do que se deseja ter ou ser.
A Águia apresenta como principais tendências o saudosismo, movimento literário que considera a saudade – sustentáculo do ser contingente, aquilo que o activa - a principal característica do povo português, considerando que o momento presente mal existe: vivemos do passado que já foi e do futuro que está para vir; vive-se do passado pela lembrança e do futuro pela esperança; o simbolismo, que se pauta sobretudo pelo distanciamento do real e pela análise de cambiantes sensoriais e afectivos, repudiando o lirismo da confissão directa ao estilo romântico; o sebastianismo, mito gerado em volta da figura de D. Sebastião, cujo regresso simbólico se associa a um elevado destino a cumprir; e o neo-garrettismo.

O primeiro modernismo e a revista "Orfeu"

Na segunda década do século XX, surge uma tentativa de renovação da poesia portuguesa,no seio de um movimento de vanguarda impulsionado e liderado pelos mentores do Orpheu, revista literária que concretiza os projectos literários de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro depois das suas dissidências da Águia. Em 1913, Sá Carneiro publica os poemas da Dispersão e Pessoa compõe "Paúis" (só mais tarde publicado), relacionando-se com Almada Negreiros e abordando em conjunto uma nova estética literária – e uma nova revista que possa ser a sua voz. Irão consegui-lo em 1915, com a publicação do Orpheu que, a par de alguma teoria estética do modernismo, apresenta já alguns exemplares de paulismo e interseccionismo, a par de outros que podem considerar-se decadentistas.
A crítica à nova revista foi violentíssima, mas os seus mentores publicaram ainda um segundo número, não chegando o terceiro a ser publicado por dificuldades financeiras. No entanto, a actividade deste grupo modernista continua a manifestar-se em publicações de curta duração, como Centauro, Portugal Futurista ou Contemporânea. Inicialmente manifestando vestígios de estética decadentista ou simbolista, rapidamente evoluiu para estéticas de vanguarda como o paulismo, o interseccionismo ou o futurismo.

Contexto sócio cultural do início do século XX

O início do século caracteriza-se por uma instabilidade social, política e económica decorrente da instauração da República (1910) e das questões que a ela levaram.
Assinale-se assim como factores principais a corrida à colonização de África que resulta, para Portugal, no Ultimato (1890), profunda humilhação para os sentimentos nacionais, bem como os sucessivos problemas económicos e sociais resultantes da industrialização dependente de capitais estrangeiros e dos movimentos reivindicativos do operariado. Mais tarde, a entrada de Portugal na primeira Guerra Mundial (1914-1918) vem agravar a situação; no plano ideológico nota-se então um profundo sentimento nacionalista, a par de uma corrente fortemente positivista e idealista.
No plano literário, fazem-se ainda sentir influências simbolistas e decadentistas, enquanto matura já o que se chamará o modernismo: o saudosismo de Teixeira de Pascoaes encontra a sua expressão na Renascença Portuguesa, a par com as outras tendências citadas, continuando-se na revista Águia.
O modernismo cedo se faz anunciar, dissidindo das tendências acima apontadas, com a saída de Fernando Pessoa da Águia e a criação do Orpheu, projecto vanguardista que agita a vida cultural portuguesa. Entre os mais activos intelectuais do grupo encontram-se, para além de Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor, que introduziram as novidades plásticas e literárias de futurismo. Ao Orpheu, de publicação efémera (2 números) seguiram-se outras publicações como o Centauro, Ícaro, Portugal Futurista e Athena.

Ortónimo e heterónimos

Como explica em carta a Adolfo Casais Monteiro, Fernando Pessoa sente desde cedo necessidade de criar diversas personalidades poéticas para exprimir diferentes estéticas literárias, chegando ao ponto de atribuir biografias a essas diversas personalidades.
Para além dos numerosos pseudónimos da juventude como e de semi-heterónimos como o prosador Bernardo Soares, as personalidades poéticas de Pessoa incluem o ortónimo (Fernando Pessoa ele próprio) Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
O poeta ortónimo, Fernando Pessoa, apresenta como principal característica a intelectualização na análise do real – seja este o real físico ou as realidades psíquicas decorrentes dessa análise – sendo notória a “dor de pensar” provocada por este tipo de actividade. Recusa o sentimento e manifesta com frequência a frustração decorrente de não conseguir abarcar de forma racional e lúcida a realidade envolvente. Isto leva-o a uma frequente nostalgia da infância como idade da inocência, ou a invejar a inocência e a espontaneidade de personagens ou acções de outrem. Os motivos centrais da sua poesia são a expressão do carácter ilusório de tudo o que o rodeia, a obsessão de ser e de se conhecer, a fugacidade e inefabilidade do momento, a melancolia. O seu estilo é elaborado, marcado pelo raciocínio lógico e por vocabulário ligado ao campo semântico da reflexão – como, adicionalmente, ao da frustração e dor.
Alberto Caeiro, metaforicamente pastor, cujas habilitações literárias não vão além da instrução primária, é o poeta da simplicidade da natureza, do real e do objectivo, dos sentidos por excelência; recusa a intelectualização da poesia por considerar que a relação com o real se efectua apenas através dos sentidos, sobretudo o da visão (não pensa, ou melhor, pensa vendo) – intelectualizar é uma operação que pressupõe falar de si próprio e não da realidade que o rodeia. É um pagão cujo animismo panteísta implica um estatuto de igualdade com os outros elementos da natureza, embora confesse por vezes não ser tão natural como quereria, não resistindo à tentação da abstracção. Utiliza uma linguagem simples, ligada ao real físico (muito particularmente por via do campo lexical da Natureza), oralizante e marcada por vocabulário essencialmente denotativo e ligado à percepção física, em verso irregular que reproduz o simples fluir do pensamento. É um anti-metafísico que aceita o mundo tal qual ele é, sem o questionar.
Ricardo Reis, médico educado num colégio de jesuítas, conhece o latim e o grego e é um poeta de cariz clássico, a nível temático como a nível formal. O seu paganismo é diverso do de Caeiro, na medida em que situa os deuses num Olimpo distante do mundo dos homens, sendo estes sobretudo governados por um Destino a que não podem eximir-se; a constatação da fugacidade da vida e da inutilidade das acções humanas integram-se numa estética epicurista e estóica que o leva a recusar a acção e o desejo, de acordo com um carpe diem de extracção clássica. Tem assim um programa de vida que o leva a “contemplar o espectáculo da Natureza”, embora essa contemplação implique a inevitável comparação dessa Natureza, perene, com a fugacidade da própria existência. O seu estilo é marcadamente clássico, com vocabulário erudito, sintaxe latinizante e frequentes hipérbatos, referências mitológicas e versos equilibrados e cuidadosamente elaborados.

Mensagem, síntese

A "Mensagem", de Fernando Pessoa, é uma transformação poética dos mitos sebastianista e do Quinto Império, uma vez que não apela já à vinda de uma figura concreta que salve o país da decadência iniciada em Alcácer-Quibir, mas sim à projecção no futuro das qualidades demonstradas pelos portugueses ao longo da sua história.
A obra divide-se em três partes, apresentando a primeira as figuras míticas e históricas fundamentais da nacionalidade portuguesa, a começar pela de Ulisses. Esta primeira parte tem o nome de “Brasão” e assinala as marcas que ao longo dos tempos foram sendo inscritas na alma portuguesa. O brasão (ou emblema) de Portugal apresenta-se assim organizado em dois campos (“O dos Castelos”, com sete figuras, e “O das Quinas”, com cinco) e uma coroa (uma figura), integrando ainda um timbre constituído pela imagem de um grifo (três figuras, constituindo a cabeça e cada uma das asas desta figura mitológica).
A segunda parte, “Mar Português” refere e analisa personagens, episódios e tópicos ligados à época dos Descobrimentos (já que o domínio físico do mundo revelou qualidades psíquicas e morais capazes de fazer de Portugal o líder do mundo ocidental, desta vez por via espiritual). Esta segunda parte, organizada em doze poemas, percorre os símbolos e episódios da ascensão e queda do império marítimo, terminando com uma “Prece”.
Na terceira parte, “O Encoberto” são apresentados os mitos essenciais na formação da alma nacional (“Os Símbolos”, todos eles centrados na renovação e no ressurgimento: o de D. Sebastião, o do Quinto Império, o do Santo Graal, o das Ilhas Afortunadas e o do Encoberto), os profetas do ressurgimento (“Os Avisos” do Bandarra, do Padre António Vieira e do próprio poeta da Mensagem), sendo finalmente apresentadas como já concluídas as etapas necessárias a esse ressurgimento (“Os Tempos”: Noite, Tormenta, Calma, Antemanhã e Nevoeiro).

Álvaro de Campos

De acordo com a biografia que Pessoa elaborou para cada um dos heterónimos, Álvaro de Campos nasceu em Tavira e formou-se em engenharia naval em Glasgow. É portanto um homem com uma profissão ligada à modernidade, um cosmopolita conhecedor da civilização, das máquinas.
Numa primeira fase, Álvaro de Campos surge marcado pelo decadentismo, em poemas como “Opiário”, supostamente escrito numa viagem ao Oriente. Nesta fase demonstra a morbidez snob de um saturado da civilização, a embriaguez do ópio e dos sonhos onde não existe o tédio do quotidiano.
A segunda fase de Campos é dominada pelo futurismo, movimento iniciado por Marinetti no início do século XX e marcado pela luta contra a tradição, a cultura feita e glorificando um novo homem, saudável livre e amoral, uma expressão que inclui o verso libre e a recusa de todas as convenções poéticas; distingue-se nesta tendência o americano Walt Whitman. Álvaro de campos surge nesta fase como o cantor da modernidade, da civilização, da velocidade, técnica e força da máquina e da diversidade da vida moderna, com um sensacionismo extremo que pretende “sentir tudo de todas as maneiras”, sendo disso exemplo a “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima”.
A terceira fase deste heterónimo (1916-1935) mostra, em poemas como “Tabacaria”, “Dactilografia” ou “Lisbon Revisited”, um poeta pessimista, cansado da vida, consciente da inutilidade de todos os esforços feitos ao longo da sua existência e revelando uma nostalgia do tempo da infância, da inocência, do tempo em que não reflectia sobre o mundo, o que seria a causa última de todo esse pessimismo e cansaço.

Ricardo Reis

Ricardo Reis, médico educado num colégio de jesuítas, conhece o latim e o grego e é um poeta de cariz neo-clássico, a nível temático como a nível formal. O seu paganismo é de tipo clássico na medida em que situa os deuses num Olimpo distante do mundo dos homens, sendo uns e outros governados por um Destino a que não podem eximir-se. A consciência da fugacidade da vida e da inutilidade das acções humanas para lutar contra o Destino integram-se numa filosofia estóica que o leva a recusar a acção e o desejo (ataraxia); assim, de acordo com uma filosofia epicurista, procura suavizar o momento pela fruição dos prazeres simples (carpe diem horaciano). Tem assim um programa de vida que o leva a “contemplar o espectáculo da Natureza”, embora essa contemplação implique a inevitável comparação dessa Natureza, perene, com a fugacidade da própria existência. O seu estilo é marcadamente clássico, com vocabulário erudito, sintaxe latinizante e frequentes hipérbatos, referências mitológicas e versos equilibrados e cuidadosamente elaborados.

Alberto Caeiro

Alberto Caeiro, metaforicamente pastor, cujas habilitações literárias não vão além da instrução primária, é o poeta da simplicidade da natureza, do real e do objectivo, dos sentidos por excelência; recusa a intelectualização da poesia por considerar que a relação com o real se efectua apenas através dos sentidos, sobretudo o da visão (não pensa, ou melhor, pensa vendo) – intelectualizar é uma operação que pressupõe falar de si próprio e não da realidade que o rodeia. É um pagão cujo animismo panteísta implica um estatuto de igualdade com os outros elementos da natureza, embora confesse por vezes não ser tão natural como quereria, não resistindo à tentação da abstracção. Utiliza uma linguagem simples, ligada ao real físico (muito particularmente por via do campo lexical da Natureza), oralizante e marcada por vocabulário essencialmente denotativo e ligado à percepção física, em verso irregular que reproduz o simples fluir do pensamento. É um anti-metafísico que aceita o mundo tal qual ele é, sem o questionar.

Fernando Pessoa ortónimo

Entre as características de Fernando Pessoa ortónimo, é de assinalar a utilização do fingimento poético, da imaginação que funciona como uma das principais dimensões da sua poesia, visível em composições como “Isto” ou “Autopsicografia. A criação poética obedece no ortónimo a uma análise e intelectualização quase obsessivas da sensação, transformando as emoções em puras vibrações intelectuais e revelando um poeta anti-sentimentalista, podendo tal detectar-se em poemas como “Isto” ou “Não sei quantas almas tenho”. A poesia do ortónimo é portanto marcada pelo choque entre o que sente e o que pensa, entre o sentimento e a sua expressão racional, levando a que o poeta sinta e exprima uma profunda dor de pensar, visível em poemas como “Ela canta, pobre ceifeira”. O choque entre pensar e sentir, o fingimento poético e a obsessão da análise racional originam um “eu” fragmentado, dividido nessas e noutras dimensões: o poeta sente-se múltiplo e assinala as diversas facetas do seu “eu” em composições como “Não sei quantas almas tenho”. Esta poesia manifesta as suas contradições de conteúdo por um frequente recurso à antítese, ao paradoxo e ao oxímoro, presentes sobretudo nos últimos versos dos poemas, exprimindo assim a ideia de que não é possível conciliar de forma lógica todas essas dimensões.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os Lusíadas

Reflexões do poeta

Em Os Lusíadas, o plano das reflexões do poeta constitui-se, de um modo geral, como oportunidade de crítica ao ser humano em geral e ao povo português em particular, pelo que esta obra de Camões apresenta, apesar da sua dimensão épica, uma visão negativa do Homem e da sociedade portuguesa.
De facto, logo no Canto I, o poeta compara os perigos do mar (“tanta tormenta e tanto dano”) com os de uma humanidade marcada pela traição (“tanta guerra, tanto engenho”); o “fraco humano”, “bicho da terra tão pequeno”, não pode defender-se deste destino, que é o da humanidade.
No final do Canto V, o poeta lamenta a pouca importância que os portugueses conferem à arte, sobretudo à da poesia: qualquer um dos capitães da Antiguidade (César, Cipião, Alexandre) foi simultaneamente “douto e ciente”, sendo Portugal a única nação em que tal não sucede, “porque quem não sabe arte, não na estima”. O poeta critica também a degradação dos costumes ligada aos Descobrimentos, salientando, no Canto VI, que a fama, a honra – e o conhecimento – se alcançam com esforço e sofrimento (“hórridos perigos, / trabalhos graves e temores”) e não pelo gozo dos prazeres (“passeios moles e ociosos” e “vários deleites”).
Na sequência destas reflexões, o poeta queixa-se, no canto VII, da falta de gratidão dos portugueses: o poeta engrandece-os e traz-lhes fama (“faz, cantando, gloriosos”), mas não recebe o reconhecimento merecido (“que exemplos a futuros escritores […]!”); refere ainda os que não merecem louvor, entre os quais se contam os “ambiciosos”, que desejam “subir a grandes cargos”, e os que se dedicam a “roubar e despir o pobre povo”. No canto VIII, o poeta exemplifica os malefícios causados ao Homem pela ambição material, pelo “vil interesse” e pela sede “do dinheiro, que a tudo nos obriga”.
No canto IX e a propósito da recompensa dos navegadores, o poeta afirma que os deuses da mitologia clássica eram humanos que se elevaram acima da condição humana pelos seus feitos, indicando quais os defeitos que impedem essa ascensão: o ócio, a cobiça, a ambição, a tirania, devem dar lugar a leis justas e iguais para todos e à luta pela Fé. Só assim poderão ser “entre os heróis esclarecidos / e nesta ilha de Vénus recebidos”).
No final do Canto X, o poeta resume as queixas precedentes: não cantará mais a esta “gente surda e endurecida” que não o ouve nem lhe dá valor; a pátria portuguesa, caracterizada por uma “austera, apagada e vil tristeza”, não merece já ser objecto da obra épica.
ESCOLA SECUNDÁRIA D: MARIA II

Ficha de trabalho de Língua Portuguesa
12º Ano
Docente – Maria Paula Lago



(Rita sai. Surge, a meio do palco, intensamente iluminada e sentada numa cadeira tosca, Matilde de Melo - uma mulher de meia-idade, vestida de negro e desgrenhada.)

Está a falar sozinha. Já o estava, possivelmente, antes de surgir no palco.

MATILDE

_ Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes!
Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num Mundo em que reina a injustiça!
Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!
(Levanta-se)
_ Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?
(Pausa)
_ Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?

(Encaminha-se para uma cómoda velha que surge, iluminada, à sua esquerda)


_ Se o meu filho fosse vivo, havia de fazer dele um homem de bem, desses que vão ao teatro e a tudo assistem, com sorrisos alarves, fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena!
(Pausa)

Fala com determinação. Está a tentar convencer-se a si mesma.

_ Havia de lhe ensinar a mentir, a cuidar mais do fato que da consciência e da bolsa do que da alma.
(Abre uma gaveta da cómoda e tira dela um uniforme velho de Gomes Freire)
_ Se o meu filho fosse vivo... Havia de morrer de velhice e de gordura, com a consciência tranquila e o peito a abarrotar de medalhas!
(Coloca o uniforme de Comes Freire sobre a cadeira)
_ Tudo isso o meu homem poderia ter tido...

Olha para o uniforme dando a entender que já não estava a falar do filho, mas do próprio Gomes Freire.
(Acaricia o uniforme)

_ Se tivesse sido menos homem...
(Pausa)
_ Podíamos estar, agora, aqui, ouvindo os pregões que soam a cantigas, lá fora, na rua...
(Pausa)
_ Abríamos a janela ao sol da manhã e aquecíamo-nos os dois...
(Pausa)
_ Ele dava-me a mão, eu dava-lhe a minha, e ficávamos, para aqui, a conversar...
Falávamos das batalhas em que ele andou...
Relembrávamos o nosso hotel de Paris... os passeios que dávamos ao longo do Sena... os dias felizes que passámos juntos... o tempo em que sonhávamos voltar a esta malfadada terra...
(Passa a mão pelo uniforme com ternura)
_ Podíamos viver aqui esquecidos dessa gente que o odeia.
(Encaminha-se para a esquerda do palco)
_ Era tão fácil... Tão mais fácil que tudo isto...
(Faz o gesto que fecha uma janela)
_ Fechávamos as janelas. Trancávamos a porta. Era como se estivéssemos outra vez lá fora, longe das intrigas mesquinhas em que esta gente se perde e perde a vida...
(Pausa)
_ Mas não pode ser e, agora estou sozinha. Sozinha e rodeada de inimigos numa terra hostil a tudo o que é grande, numa terra onde só cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos...
(Começa a chorar)


[…]
I

Lê atentamente o excerto de Felizmente Há Luar transcrito e efectua as tarefas abaixo propostas.
(o texto em intercalado reproduz as indicações cénicas que se encontram nas margens do texto, o texto entre parênteses reproduz as didascálias)

1. Localiza o excerto na estrutura interna da obra, justificando a tua resposta com dados do excerto apresentado.

2. Caracteriza a personagem do General Gomes Freire de Andrade, com base no discurso de Matilde.

3. Comenta o modo como o discurso de Matilde demonstra a impossibilidade um homem como o General viver em Portugal .

II

1. Comenta a didascália e a indicação cénica que introduzem o monólogo de Matilde (linhas 1 a 8).

III

Felizmente Há Luar, peça de teatro cujo ambiente é o do período que antecede o liberalismo, estabelece um paralelo entre esse período a ditadura salazarista. Num texto de 80 a 120 palavras, comenta a forma como se torna possível esse paralelo.
ESCOLA SECUNDÁRIA D: MARIA II
Ficha de avaliação de Língua Portuguesa
12º Ano
Docente – Maria Paula Lago

Grupo I

Leia, atentamente, o texto abaixo transcrito.

[…]

(Rita sai. Surge, a meio do palco, intensamente iluminada e sentada numa cadeira tosca, Matilde de Melo – uma mulher de meia-idade, vestida de negro e desgrenhada)
Matilde
Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados como covardes!
Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina a injustiça!
Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!
(Levanta-se)
Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?
(Pausa)
Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?
(Encaminha-se para uma cómoda velha que surge, iluminada, à sua esquerda)
Se o meu filho fosse vivo, havia de fazer dele um homem de bem, desses que vão ao teatro e a tudo assistem, com sorrisos alarves, fingindo nada terem a ver com o que se passa em cena!
(Pausa)
Havia de lhe ensinar a mentir, a cuidar mais do fato que da consciência e da bolsa que da alma.
(Abre uma gaveta da cómoda e tira dela um uniforme velho de Gomes Freire)
Se o meu filho fosse vivo... Havia de morrer de velhice e de gordura, com a consciência tranquila e o peito a abarrotar de medalhas!
(Coloca o uniforme de Gomes Freire sobre a cadeira)
Tudo isso o meu homem poderia ter tido...
(Acaricia o uniforme)
Se tivesse sido menos homem...
(Pausa)
Podíamos estar, agora, aqui, ouvindo os pregões que soam a cantigas, lá fora, na rua...
(Pausa)
Abríamos a janela ao sol da manhã e aquecíamo-nos os dois...
(Pausa)
Ele dava-me a mão, eu dava-lhe a minha, e ficávamos, para aqui, a conversar...
Falávamos das batalhas em que ele andou...
Relembrávamos o nosso hotel de Paris... os passeios que dávamos ao longo do Sena... os dias felizes que passámos juntos... o tempo em que sonhávamos voltar a esta malfadada terra...
(Passa a mão pelo uniforme com ternura)
Podíamos viver aqui esquecidos dessa gente que o odeia.
(Encaminha-se para a esquerda do palco)
Era tão fácil... Tão mais fácil que tudo isto...
(Faz o gesto que fecha uma janela)
Fechávamos as janelas. Trancávamos a porta. Era como se estivéssemos outra vez lá fora, longe das intrigas mesquinhas em que esta gente se perde e perde a vida...
(Pausa)
Mas não pode ser e, agora, estou sozinha. Sozinha e rodeada de inimigos numa terra hostil a tudo o que é grande, numa terra em que só cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos...
(Começa a chorar)

[…]
Luís de Sttau Monteiro,
Felizmente Há Luar, Areal Editores


Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Situe o excerto na estrutura interna e externa da obra.

2. Caracterize a personagem de Matilde, com base no monólogo da própria personagem e nas didascálias existentes na cena transcrita.

3. De acordo com Matilde, o comportamento de General não é o habitual na sociedade portuguesa da época.
3.1. Especifique as características do General que, segundo Matilde, estiveram na origem da sua condenação.

3.2. Indique como é caracterizado, ao longo do excerto, o “homem de bem” que se opõe à figura do General.

4. Com base no seu conhecimento global de "Felizmente Há Luar", refira alguns aspectos da sociedade portuguesa que, na ditadura salazarista, se assemelham aos da época retratada nesta obra.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Personagens de Felizmente Há Luar

Manuel- representante da situação e aspirações do povo, é a ele que cabe a abertura dos dois actos, num monólogo que mostra a impotência do povo, para além da situação de miséria.

Rita- mulher de Manuel (2ºacto).

Antigo soldado- manifesta uma opinião favorável, como representante do povo e como militar, sobre o general Gomes Freire de Andrade.

António de Sousa Falcão- amigo do general, surge a demonstrar a Matilde a inutilidade de continuar a resistir à fatalidade, acabando por ser convencido do contrário.

Vicente- traidor do povo, revela as suas motivações na conversa com os polícias antes de se encontrar com o governador Miguel Forjaz; odeia o povo a que pertence pela imagem que lhe dá de si próprio. Saber-se-á no 2º acto que a recompensa da traição é um lugar de chefe da polícia.

Andrade Corvo e Morais Sarmento- oficiais do exército que esperam uma recompensa material da sua traição; disfarçam a sua ambição com uma suposto patriotismo que será ironicamente comentado por Beresford.

Beresford- oficial inglês com a tarefa de reorganizar o exército, revela um profundo desprezo pelos portugueses; é um mercenário a quem apenas interessa o que ganha nessa tarefa, manifestando o receio de que Gomes Freire de Andrade possa vir a substituí-lo se houver alterações políticas.

Miguel Pereira Forjaz- governador do reino, defende uma organização social que perpetue os privilégios da nobreza; mostra uma grande aversão pelo general, seu primo, que lhe é superior moralmente e na carreira militar.

Principal Sousa- representante do poder religioso, demonstra a profunda hipocrisia de valores religiosos subordinados ao poder político e económico; também confessa sentimentos pessoais de aversão ao general, que teria prejudicado um seu primo. De qualquer forma, a alteração da situações fá-lo-ia perder os privilégios e poder que detém.

Frei Bento- surge apenas na cena em que Matilde procura a ajuda do Principal Sousa, para representar, por contraste, a verdadeira religiosidade.

Gomes Freire de Andrade – figura omnipresente apesar da sua ausência, já que não surge em cena, o General é caracterizado pelas personagens que sucessivamente se lhe vão referindo como um brilhante militar e condutor de homens, um homem justo, bondoso e amado pelo povo, um bom marido e alguém que nunca se preocupou com bens materiais; é invejado e temido pelos que detêm o poder.

Matilde – mulher de Gomes Freire de Andrade, personagem dominante no segundo acto.
Felizmente Há Luar

A peça Felizmente Há Luar, de Luís de Sttau Monteiro é fundamentalmente uma obra de reflexão sobre situações de repressão política, nomeadamente a da época da ditadura salazarista em que a obra é escrita. O tempo histórico representado é o da revolta liberal frustrada de 1817, tendo como figura principal o general Gomes Freire de Andrade; no entanto, a acção remete sistematicamente para a situação política dos anos 60 em Portugal, por um paralelismo de situações que a própria concepção de teatro torna impossível de ignorar pelo espectador.
De facto, a peça obedece a uma concepção de teatro épico, defendida por Brecht em oposição a um teatro de tipo aristotélico que levaria o espectador a identificar-se e a sofrer com as personagens; no teatro brechtiano, deveria ser produzido um efeito de distanciamento crítico que levasse o espectador a reflectir sobre as situações expostas e a relacioná-las com o seu próprio quotidiano. Para conseguir esse distanciamento, as falas das personagens de Felizmente Há Luar são construídas de forma a serem facilmente relacionadas com o momento da representação, sendo constantemente reforçadas, nas didascálias, por indicações cénicas ou de atitudes das personagens que intensificam essa relação; como exemplo, os monólogos de Manuel no início de cada acto, apresentando a situação do povo como uma constante histórica e sublinhados por indicações de gestos que alarguem essa situação aos próprios espectadores como se eles fossem também personagens da peça, ou o discurso de manutenção do poder e de bens materiais do Principal Sousa, reforçado por indicações cénicas de um vestuário luxuoso.
Assim, a obra funciona como uma alegoria em que os diversos grupos de personagens em jogo na peça representam estratos e grupos sociais da ditadura salazarista, colocando assim em cena a situação de miséria e repressão dos anos 60.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mensagem – intertextualidade com Os Lusíadas

Num artigos de "A Águia" sobre a nova poesia portuguesa, Pessoa sustenta que “a nossa grande raça partirá em busca de uma Índia nova que não existe no espaço” e que “a obra dos navegadores foi o obscuro e carnal antearremedo” de um “verdadeiro e supremo destino” da Raça Portuguesa. Assim, a "Mensagem" mantém um constante diálogo com "Os Lusíadas", instituindo em simultâneo o seu criador – o próprio Pessoa - como um “Supra-Camões” capaz de guiar poeticamente a alma lusitana para a liderança de um Quinto Império de teor espiritual.
Transfiguração poética dos Descobrimentos e do mito sebastianista, a Mensagem apresenta D. Sebastião não como “segurança/da lusitana antiga liberdade” ("Os Lusíadas", I, 6), mas como entidade representante da “loucura” que torna o Homem imortal, que faz dele mais que uma “besta sadia”. Na "Mensagem", Alcácer-Quibir não representa o final do Império Português no mundo, mas apenas a verificação de uma qualidade da alma nacional como a “febre de além” do Infante D. Fernando ou “o som presente do mar futuro” dos cantares de D. Dinis; no caso deste último, o importante na "Mensagem" não são as “fortalezas e castelos mui seguros” que caracterizam este rei em Os Lusíadas (III, 98), mas sobretudo a sua capacidade visionária, de poeta e sonhador.
Portugal surge assim em "Os Lusíadas" como “cabeça/da Europa toda”(III, 20), enquanto que na "Mensagem" ele é o “rosto” da Europa, fitando o “futuro do passado” (“O dos castelos”), olhando para uma grandeza futura que não é já material. No poema “O Infante” o poeta da "Mensagem" afirma que “o Império se desfez” e que “falta cumprir Portugal”. Na "Mensagem", a recompensa conseguida pelos que desvendam um mar agora metafórico é apenas espiritual e constituída pelos “beijos merecidos da verdade” (“Horizonte”), enquanto as recompensas proporcionadas aos nautas na Ilha dos Amores de "Os Lusíadas" (X, 80) são físicas (os deleites de todos os sentidos) e espirituais (a visão da “grande máquina do mundo”).
“O Mostrengo” da "Mensagem" e o Gigante Adamastor de "Os Lusíadas" cumprem diferentes funções numa e noutra das obras, já que ao segundo cumpre a profecia de todos os males futuros decorrentes da expansão ultramarina, enquanto que o primeiro se apresenta apenas como um medo a ultrapassar pela “vontade de um povo”. Em paralelo, os vaticínios do Velho do Restelo de que essa expansão trará “morte”, perigos”, tormentas”, sendo “fonte de desamparos e adultérios” recebem resposta em “Mar Português”, de "Mensagem": relativamente a “quantas mães choraram / quantos filhos em vão rezaram / quantas noivas ficaram por casar”, o poeta da "Mensagem" considera que “tudo vale a pena/se a alma não é pequena”.
Assim, a "Mensagem" constata uma depressão da alma nacional da qual ressurgirá a Raça Portuguesa pelo renascimento das qualidades demonstradas ao longo dos séculos. No penúltimo poema da obra, “Antemanhã”, o mostrengo (simbolizando os medos e as hesitações) representa apenas um pesadelo que fará finalmente acordar “Aquele que está dormindo / e foi outrora Senhor do Mar”.
Apesar das óbvias diferenças, as duas obras partilham uma visão negativa do povo português, visível no final de uma e de outra. O último poema da "Mensagem", “Nevoeiro”, mostra “Portugal a entristecer / brilho sem luz e sem arder”; de forma semelhante, o poeta de "Os Lusíadas" termina a sua obra assinalando o contraste entre o valor da gente lusa (“Olhai que sois [...] senhor só de vassalos excelentes” - "Os Lusíadas", X, 146) e o esmorecimento da pátria “que está metida / no gosto da cobiça e na rudeza / De uma austera, apagada e vil tristeza” (Os Lusíadas, X, 145).

Texto expositivo-argumentativo

TEMA 1
A tecnologia nuclear é perigosa, já causou acidentes graves como o de Three Mile lsland (EUA} e Chernobyl (Ucrânia), com milhares de mortes e enfermidades decorrentes desses acidentes, além da perda de grandes áreas. A utilização desse tipo de tecnologia continua a apresentar graves riscos para toda a humanidade. Reactores nucleares e instalações complementares geram grandes quantidades de lixo nuclear que precisam de ficar sob vigilância por milhares de anos. Não se conhecem técnicas seguras de armazenamento do lixo nuclear gerado.
( Greenpeace, in http/www.greenpeace.org.br.energia/)

As novas fontes renováveis de energia – como a biomassa, pequenas hidroeléctricas, eólica e energia solar, incluindo a fotovoltaica — oferecem inúmeras vantagens:
- Aumentam a diversidade da oferta de energia;
- Asseguram a sustentabilidade da geração de energia a longo prazo;
- Reduzem as emissões atmosféricas de poluentes:
- Criam novas oportunidades de empregos nas regiões rurais, oferecendo oportunidades para fabricação local de tecnologia de energia.
( Greenpeace, in http/www.greenpeace.org.br.energia/)


Numa dissertação, de 200 a 300 palavras, discuta estas teses, expondo um ponto de vista devidamente fundamentado sobre o tema “A energia nuclear”. Com o texto da sua dissertação, deverá apresentar o respectivo plano.


TEMA 2
O World Water Development Report […] sustenta que, neste princípio de século, a Terra já está a viver uma ‘séria crise da água’, que tende a piorar, a não ser que se faça algo, e rapidamente. Esta crise gira sobretudo em torno da escassez de água, embora a poluição seja um dos principais motivos que contribuem para a menor disponibilidade dos recursos hídricos.
Ricardo Garcia, Sobre a Terra, Lisboa, in Público, 2004

Numa dissertação, de 200 a 300 palavras, discuta esta tese, expondo um ponto de vista devidamente fundamentado sobre o tema “A importância da água”.
Com o texto da sua dissertação, deverá apresentar o respectivo plano.


TEMA 3
A religião nasce da necessidade de entender um universo que escapa à nossa compreensão por causa da sua complexidade profunda e ordenada. A religião agiu, nos melhores períodos da civilização humana, para complementar a nossa compreensão científica dos fenómenos naturais. Pode e procura dar respostas às perguntas que são demasiado difíceis para a ciência responder. Apresentando um conjunto de orientações e de rituais como contrapeso ao lado destrutivo da natureza humana, as religiões do mundo com sucesso impediram, mais ou menos, a humanidade de se desmoronar no caos e no barbarismo.

Nikos A. Salíngaros, “Anti-arquitectura e religião”
(trad. revista por Hermínio Rico SJ), in Brotéria, 155
(Novembro de 2002), Lisboa


Numa dissertação, de 200 a 300 palavras, discuta esta tese de Salíngaros, expondo um ponto de vista devidamente fundamentado sobre o tema “A religião”.
Com o texto da sua dissertação, deverá apresentar o respectivo plano.