terça-feira, 18 de maio de 2010

Álvaro de Campos

De acordo com a biografia que Pessoa elaborou para cada um dos heterónimos, Álvaro de Campos nasceu em Tavira e formou-se em engenharia naval em Glasgow. É portanto um homem com uma profissão ligada à modernidade, um cosmopolita conhecedor da civilização, das máquinas.
Numa primeira fase, Álvaro de Campos surge marcado pelo decadentismo, em poemas como “Opiário”, supostamente escrito numa viagem ao Oriente. Nesta fase demonstra a morbidez snob de um saturado da civilização, a embriaguez do ópio e dos sonhos onde não existe o tédio do quotidiano.
A segunda fase de Campos é dominada pelo futurismo, movimento iniciado por Marinetti no início do século XX e marcado pela luta contra a tradição, a cultura feita e glorificando um novo homem, saudável livre e amoral, uma expressão que inclui o verso libre e a recusa de todas as convenções poéticas; distingue-se nesta tendência o americano Walt Whitman. Álvaro de campos surge nesta fase como o cantor da modernidade, da civilização, da velocidade, técnica e força da máquina e da diversidade da vida moderna, com um sensacionismo extremo que pretende “sentir tudo de todas as maneiras”, sendo disso exemplo a “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima”.
A terceira fase deste heterónimo (1916-1935) mostra, em poemas como “Tabacaria”, “Dactilografia” ou “Lisbon Revisited”, um poeta pessimista, cansado da vida, consciente da inutilidade de todos os esforços feitos ao longo da sua existência e revelando uma nostalgia do tempo da infância, da inocência, do tempo em que não reflectia sobre o mundo, o que seria a causa última de todo esse pessimismo e cansaço.

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