terça-feira, 18 de maio de 2010

Mensagem, síntese

A "Mensagem", de Fernando Pessoa, é uma transformação poética dos mitos sebastianista e do Quinto Império, uma vez que não apela já à vinda de uma figura concreta que salve o país da decadência iniciada em Alcácer-Quibir, mas sim à projecção no futuro das qualidades demonstradas pelos portugueses ao longo da sua história.
A obra divide-se em três partes, apresentando a primeira as figuras míticas e históricas fundamentais da nacionalidade portuguesa, a começar pela de Ulisses. Esta primeira parte tem o nome de “Brasão” e assinala as marcas que ao longo dos tempos foram sendo inscritas na alma portuguesa. O brasão (ou emblema) de Portugal apresenta-se assim organizado em dois campos (“O dos Castelos”, com sete figuras, e “O das Quinas”, com cinco) e uma coroa (uma figura), integrando ainda um timbre constituído pela imagem de um grifo (três figuras, constituindo a cabeça e cada uma das asas desta figura mitológica).
A segunda parte, “Mar Português” refere e analisa personagens, episódios e tópicos ligados à época dos Descobrimentos (já que o domínio físico do mundo revelou qualidades psíquicas e morais capazes de fazer de Portugal o líder do mundo ocidental, desta vez por via espiritual). Esta segunda parte, organizada em doze poemas, percorre os símbolos e episódios da ascensão e queda do império marítimo, terminando com uma “Prece”.
Na terceira parte, “O Encoberto” são apresentados os mitos essenciais na formação da alma nacional (“Os Símbolos”, todos eles centrados na renovação e no ressurgimento: o de D. Sebastião, o do Quinto Império, o do Santo Graal, o das Ilhas Afortunadas e o do Encoberto), os profetas do ressurgimento (“Os Avisos” do Bandarra, do Padre António Vieira e do próprio poeta da Mensagem), sendo finalmente apresentadas como já concluídas as etapas necessárias a esse ressurgimento (“Os Tempos”: Noite, Tormenta, Calma, Antemanhã e Nevoeiro).

Sem comentários:

Enviar um comentário