terça-feira, 18 de maio de 2010

Ricardo Reis

Ricardo Reis, médico educado num colégio de jesuítas, conhece o latim e o grego e é um poeta de cariz neo-clássico, a nível temático como a nível formal. O seu paganismo é de tipo clássico na medida em que situa os deuses num Olimpo distante do mundo dos homens, sendo uns e outros governados por um Destino a que não podem eximir-se. A consciência da fugacidade da vida e da inutilidade das acções humanas para lutar contra o Destino integram-se numa filosofia estóica que o leva a recusar a acção e o desejo (ataraxia); assim, de acordo com uma filosofia epicurista, procura suavizar o momento pela fruição dos prazeres simples (carpe diem horaciano). Tem assim um programa de vida que o leva a “contemplar o espectáculo da Natureza”, embora essa contemplação implique a inevitável comparação dessa Natureza, perene, com a fugacidade da própria existência. O seu estilo é marcadamente clássico, com vocabulário erudito, sintaxe latinizante e frequentes hipérbatos, referências mitológicas e versos equilibrados e cuidadosamente elaborados.

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